Para se chegar a Avalon era preciso saber o encantamento que abriria as névoas e chamaria a barca que o levaria pelo lago até à ilha. Somente os iniciados e alguns homens do povo do pântano (que conduziam as barcas) sabiam o caminho para Avalon. Quem ousasse transpor as brumas sem saber o encantamento ficaria perdido, para sempre, vagando entre os dois mundos.

domingo, 18 de agosto de 2013

Morgana fala… .( Sobre o país das fadas )


                                              Morgana fala… 

Até hoje nunca soube quantas noites e dias passei no país das fadas – até hoje minha mente se torna confusa quando tento fazer a conta. Por mais que me esforce, não acredito que fosse menos de cinco, nem mais de treze. 

Tampouco tenho certeza do tempo que transcorreu fora dali, nem em Avalon, enquanto estive lá, mas como a humanidade registra melhor a passagem do tempo do que no país das fadas, sei que cerca de cinco anos se passaram.

À medida que envelheço, penso cada vez mais que talvez o que consideramos como o passar do tempo só acontece porque adquirimos o hábito, terrivelmente arraigado, de contar as coisas – os dedos de um recém-nascido, o nascer e o pôr do sol -, e por isso pensamos com muita freqüência no número de dias ou de estações que devem transcorrer antes que o grão amadureça, ou nosso filho cresça no ventre e seja dado à luz, ou que algum encontro muito desejado se concretize. 

E o registramos de acordo com o passar do ano e do sol, como o primeiro dos segredos sacerdotais. No país encantado, eu nada sabia do tempo, e portanto para mim ele não passava. 

Quando dele sai, descobri que já havia mais marcas no rosto de Gwenhwyfar e que a deliciosa juventude de Elaine começava a desaparecer. 

Minhas mãos, porém, não estava mais magras, meu rosto continuava intocado pelas marcas ou rugas, e embora em nossa família os cabelos embranqueçam cedo – aos dezenove anos Lancelote já tinha alguns cabelos brancos -, o meu estava tão negro e intocado pelo tempo quanto à asa de um corvo.

Cheguei a pensar que quando os druidas retiraram Avalon do mundo da contagem e do registro constantes, isso também começou a acontecer ali.

O tempo não flui sem medida em Avalon como num sonho, ou como no país das fadas.

 Não obstante, o tempo começou a correr ali mais devagar. Vemos a lua e o sol da Deusa e registramos os ritos nas pedras circulares, de modo que o tempo nunca nos abandona totalmente. 

Mas não corre paralelo ao tempo de outros lugares, embora se possa pensar que se os movimentos do sol e da lua fossem conhecidos de todos, o tempo em Avalon teria de passar do mesmo modo que no mundo lá fora… Mas não é assim. 

Nestes últimos anos, eu podia passar um mês em Avalon e descobrir, quando saia de lá, que toda uma estação ocorrera lá fora.

 E ao final daqueles anos, isso sucedeu mais amiúde, pois eu não tinha paciência para ver o que acontecia no mundo exterior. 

E quando as pessoas viam que eu continuava sempre jovem, então me consideravam, mais do que nunca, uma fada ou uma feiticeira.

Mas isso foi muito, muito tempo depois.

Pois quando ouvi a Raven dar aquele grito aterrorizador que varou os espaços entre os dois mundos e chegou até mim, onde eu estava, no sono intemporal do mundo encantado, eu parti… mas não para Avalon. 



Retirado de As Brumas de Avalon – A Grande Rainha, pág. 229 - 230






sábado, 17 de agosto de 2013

Sobre os celtas


                                 Templos

Frequentemente se diz que os povos celtas não construíam templos, adorando seus deuses apenas em altares em bosques. 

A arqueologia já provou que isto está incorreto, e várias estruturas de templos já foram encontradas em regiões célticas. 

Depois das conquistas de Roma sobre partes das regiões celtas, um tipo distinto de templo celto-romano se desenvolveu.

Ritos Celtas

Os primeiros celtas não construíam templos para a adoração de seus deuses, mas mantinham altares em bosques dedicados a serem locais de adoração.

 Algumas árvores eram consideradas elas próprias sagradas.

 A importância das árvores na religião celta pode ser mostrada pelo fato de que o nome da tribo dos Eburônios contém uma referência a yew tree, e nomes como Mac Cuillin (filho de acebo), e Mac Ibar (filho de yew) aparecem nos mitos irlandeses. 

Apenas durante o período de influência romana os celtas começaram a construir templos, um hábito que foi passado às tribos germânicas que os suplantaram.

Escritores romanos insistiam que o sacrifício humano era praticado pelos celtas em larga escala, e há indícios dessa possibilidade, vindos de achados na Irlanda, no entanto, a maior parte da informação sobre isso veio de rumores de "segunda mão", que chegavam a Roma. 

São poucas as descobertas arqueológicas que substanciam o processo de sacrifício, e assim, os historiadores modernos consideram que os sacrifícios humanos eram um acontecimento extremamente raro nas culturas Celtas.

Mas havia também, no entanto, um culto guerreiro centrado nas cabeças cortadas de seus inimigos.

 Os celtas muniam seus mortos de armas e outros pertences, o que indica que acreditavam na vida após a morte.

 Depois do funeral, eles também cortavam a cabeça do morto e esmagavam seu crânio para evitar que seu espírito permanecesse preso.

Nenhuma menção aos cultos celtas pode deixar de descrever os druidas. 

Esses sacerdotes representam simplesmente a classe mais ou menos hereditária de xamãs, característica de todas as sociedades indo-européias antigas. 

Em outras palavras, eles são o equivalente a casta brâmane indiana ou aos magi persas, e como estes um especialista nas práticas de magia, sacrifício e augurio.

 Eles eram conhecidos por ser particularmente associados a carvalhos e trufas; essas últimas talvez usadas na confecção de medicamentos ou alucinógenos. 

Outra figura importante na manutenção das lendas célticas era o bardo; aquele que, através de suas músicas, difundia os feitos de bravura dos heróis do passado. 

Desse ponto de vista a cultura celta não foi uma cultura histórica - do ponto de vista que não teve história escrita (ainda que os celtas possuíssem formas rudimentares de escrita, baseadas em traços verticais e horizontais).

 Suas histórias eram transmitidas oralmente, e os bardos eram particularmente bons nisso já que, uma vez que suas histórias eram musicadas, tornava-se fácil lembrar das palavras exatas que a compunham. 

Além disso, eles podem ter sido considerados uma espécie de profetas. 

Os historiadores Estrabo descreveu-os como "vates", palavra que significa inspirado, estasiado.

 É bem possível que a sociedade céltica tivesse, além da religião taumatúrgica e ritualística dos druídas, um elemento de comunicação estásica com o Além.

Resquícios Modernos 

Os modos e as crenças celtas tiveram um grande impacto na atualidade das regiões em que se encontravam. 

Conhecimentos sobre a religião pré-cristã ainda são comuns nas regiões que foram habitadas pelos celtas, apesar de agora estarem diminuindo. 

Adicionalmente, muitos santos não-oficiais são adorados na Escócia, como Saint Brid na Escócia (Brigid, na Irlanda), uma adaptação cristã da deusa de mesmo nome. 

Vários ritos envolvendo peregrinações a vales e poços considerados sagrados, aos quais creditam propriedades curativas, têm origem celta.